sexta-feira, 4 de junho de 2010

Donec Auferatur Luna


(D. Afonso Henriques - Painel, S. Vicente de Fora)

Oh Deus, dai ao rei o Vosso poder de julgar

Concebida para acompanhar um salmo que se dedica a Salomão, o rei sábio (v.1, In Salomonem), a ilustração do fólio 124 é uma das mais significativas e interessantes de um livro que, na sua parte visual, evita todo o elemento supérfluo ou excessivamente reiterativo.

O Julgamento de Salomão (I, Reis, 3, 16-28) abre este capítulo, imerso totalmente na descrição das diferentes formas de realeza.

Um menino recém-nascido aparece sobre uma mesa de madeira, diante de um homem com uma faca na mão; situados em ambos os lados da mesa, encontram-se as duas mulheres que disputam a criatura e à esquerda, Salomão entronizado junto a dois homens de meia-idade.

O rei dita o veredicto perante eles, expectantes, enquanto que uma das mulheres parece renunciar à sua maternidade depois de ouvir as palavras do rei que ordenavam que se partisse o menino ao meio.

O salmo refere-se à sabedoria que Deus deve conceder aos monarcas, para que estes sejam justos (v. 2, Deus judicium tuum regi da: et justitiam tuam filio regis: Judicare populum tuum in justitia et pauperes tuos in judicio.// Oh Deus, dai ao rei o Vosso poder de julgar: e a tua justiça ao filho do rei: para que julgue o Vosso povo com justiça e os Vossos pobres com equidade).

Salomão é, sem dúvida, o protótipo bíblico e indiscutível do rei sábio, que age com justiça e devolve o filho à verdadeira mãe.

- M. Moleiro

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