sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Castelo de Sortelha

Descrição
MURALHAS: A cortina de muralhas que cerca o núcleo urbano mais antigo é de traçado elíptico irregular e está parcialmente apoiada em afloramentos rochosos, que predominam a E. e a S.. É aberta por quatro portas: a Porta da Vila ou Porta do Concelho, orientada a E., em arco quebrado na frente e rebaixado no tardoz, coberta com abóbada de berço abatido; no lado oposto, a Porta Nova ou Porta Nova da Vila, em arco pleno e coberta com uma abóbada de berço, tendo insculpidas no pé-direito as medidas padrão da vara e do côvado em uso no antigo Concelho; a NO. abre-se a Porta Falsa, em arco quebrado, havendo outra de igual denominação a S., junto ao Castelo, em arco ultrapassado do lado exterior e arco pleno do lado interior. A NO. junto da primeira Porta Falsa, eleva-se a Torre do Facho, de planta quadrangular, com embasamento escalonado e desprovida de vãos. No cunhal SE., junto à Porta da Vila, um pequeno torreão ou vigia sobre o adarve, de planta circular e coroamento cónico; a muralha está truncada, existindo do lado E. somente o arranque da mesma, reconstruído, e do remate apenas subsiste parte do caminho de ronda que a circundava.
CASTELO: a SE., interrompendo a muralha da vila e desenvolvendo-se para o exterior na direcção NE., com traçado elíptico, estreito, muito irregular, salientando-se no ângulo SO. o corpo de um cubelo trapezoidal; a barbacã é aberta por duas portas: a O. a Porta do Castelo, em arco pleno, encimada por balcão rectangular com matacães e troneiras (denominado "varanda do juíz"), ladeado por pedra de armas com brasão real e esferas armilares, e a S. a Porta Falsa, com lintel recto e pés-direitos oblíquos. O remate está truncado subsistindo apenas do lado N. parte do adarve com remate biselado parcialmente provido de seteiras cruciformes. No interior do recinto, com pavimento de terra batida onde são visíveis alguns restos de estruturas, abre-se uma cisterna de parapeito rectangular e eleva-se a Torre de Menagem sobre um penhasco que preenche quase metade do terreiro, adossada à muralha do lado NO.; tem planta rectangular e é de piso único, com um embasamento escalonado, uma porta a SE., de lintel recto com pés-direitos oblíquos, encimada por arco de descarga de volta perfeita, e 3 seteiras distribuidas pelas restantes fachadas; remate em merlões rectangulares com coroamento piramidal; o acesso à "varanda do juiz" faz-se pelo adarve, abrindo para a mesma um arco pleno ladeado por seteiras, seguindo-se no extremo o cubelo com passagem por arco recto.

Enquadramento
Urbano, implantado num cabeço entre as Serras da Malcata e da Pena, à cota de 786 m., isolado; sobranceiro ao arrabalde da vila e ao vale; inacessível pela vertente S., escarpada. Integrado no núcleo urbano, totalmente cercado por cintura de muralhas; estando o castelo destacado, no local mais elevado, a SE.. A paisagem envolvente é muito acidentada, dominada por grandes afloramentos graníticos, por entre os quais surgem plantas rasteiras típicas de meia-altura. Para S., avista-se a Cova da Beira, para O., a Serra da Estrela e o Castelo de Belmonte, surgindo, a E., um amplo planalto, correspondendo ao Vale do Côa e ao Sabugal. Defronte da porta do castelo o Pelourinho da vila, manuelino.

Época Construção
Séc. XIII (conjectural) / XVI

Cronologia
Época pré-romana - Provável existência de castro, depois romanizado;
Séc. XII - Repovoamento no reinado de D. Sancho I;
1228 - Concessão de carta de foral por D. Sancho II, seguindo o modelo de Ávila / Évora, e provável edificação do castelo;
Séc. XIII - Beneficiação ou reconstrução do castelo e da cerca da vilapor D. Dinis;
Séc. XIV - intervenção nas estruturas defensivas por iniciativa de D. Fernando, com construção da nova cerca;
Séc. XV - Era alcaide do castelo Manuel Sardinha, sucedendo-lhe Pêro Zuzarte;
1422 - no Rol dos Besteiros, surge a referência a 2130 habitantes;
1496 - na Inquirição, surge a referência de 144 habitantes;
1510 - Renovação da carta de foral por D. Manuel e campanha de obras no castelo, com aposição de emblemática manuelina sobre a porta do mesmo;
1522 - Concessão da alcaidaria-mor a Garcia Zuzarte, guarda-mor de D. Manuel;
1527 - Elevação da vila a cabeça de condado por D. João III, a favor de Luís da Silveira, guarda-mor do rei; no Numeramento, surge a referência a 383 habitantes;
1640 - Notícia da adaptação parcial das estruturas defensivas às novas técnicas militares; entaipamento da denominada Porta Falsa NO.; reconstrução do adarve e do remate dos muros da cerca; dentro do castelo existiu uma prisão, de que era carcereiro o lugar-tenente do alcaide-mor.

Características Particulares
Panos de muralha, incrustados em grandes afloramentos graníticos. Medidas medievais da vara e do côvado em uso no extinto Concelho gravados na Porta Nova. Castelo de planta elíptica muito estreita e irregular, projectando-se para o exterior da muralha da vila.

(fonte: IHRU)

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